Silves
Saúda, por mim, Abu Bakr,
Os queridos lugares de Silves
E diz-me se deles a saudade
É tão grande quanto a minha.
Saúda o palácio dos Balcões
Da parte de quem nunca os esqueceu.
Morada de leões e de gazelas
Salas e sombras onde eu
Doce refúgio encontrava
Entre ancas opulentas
E tão estreitas cinturas!
Mulheres níveas e morenas
Atravessavam-me a alma
Como brancas espadas
E lanças escuras.
Ai quantas noites fiquei,
Lá no remanso do rio,
Nos jogos do amor
Com a da pulseira curva
Igual aos meandros da água
Enquanto o tempo passava..
E me servia de vinho:
O vinho do seu olhar
Às vezes o do seu copo
E outras vezes o da boca.
Tangia cordas de alaúde
E eis que eu estremecia
Como se estivesse ouvindo
Tendões de colos cortados.
Mas retirava o seu manto
Grácil detalhe mostrando:
Era ramo de salgueiro
Que abria o seu botão
Para ostentar a flor.
In Silves no Contexto Poético Ândalus da autoria do Dr. Adalberto Alves
Um pouco de história desta cidade...
A origem de Silves é difícil de determinar, dada a sua antiguidade. A arqueologia permitiu, entretanto, concluir que a região é habitada desde o Paleolítico.
A fundação de Silves é, no entanto, muito difícil de identificar. Ao que tudo indica a fortaleza do alto da colina de Silves foi construída durante o período da ocupação romana e que se transformou num castelo. A Cisterna dos Cães ainda que possa ter sido uma mina em período anterior foi trabalhada pelos romanos, tal como o celeiro ou cisterna subterrânea abobadada.
A recente descoberta de Vila Fria por José Luís Cabrita, vem confirmar a presença dos romanos em Silves.
Mas é, sem dúvida durante a ocupação árabe que Silves atinge o seu máximo esplendor, tendo sido várias vezes capital do Algarve. Silves foi ocupada pelos árabes do Iémen logo depois da conquista da Península e aqui se desenvolveu uma cultura tipicamente árabe.
O acontecimento, de época muçulmana, mais antigo que se conhece em Silves é o embarque do poeta e diplomata Yahya Algazel para a terra dos Madjus, como embaixador de Abderramão II.
O desenvolvimento da cidade processou-se com a chegada do príncipe muladi, ou seja cristão hispânico convertido ao islamismo, Bakr bem Yahya, de Santa Maria do Ocidente que aqui instalou uma Chancelaria, um Conselho de Estado e tropas numerosas.
Em meados do século XII surgiu em Silves um movimento religioso e político, dos Muridas, organizado e comandado por Ahmad Ibn Qasî. Este foi autor de um célebre tratado de Filosofia Mística “O descalçar das duas sandálias”, tomou Mértola e proclamou-se Mahdî, o Messias.
Após desentendimentos com companheiros seus junta-se aos Almóadas e com a sua ajuda reconquista Silves e Mértola.
Termina então em conflito também com estes e alia-se a Afonso Henriques de Portugal. Os seus velhos amigos de Silves desgostados com tal aliança, assassinam-no no Palácio das Varandas.
Em 1189 Silves foi atacada e tomada aos Almóadas por D. Sancho 1 com o auxílio dos membros da III Cruzada, que incluía o Imperador da Alemanha Frederico Barba Roxa, o Rei de França Filipe Augusto e o Rei de Inglaterra Ricardo Coração de Leão.
Após renhido combate a cidade rendeu-se pela sede. Nessa altura Sancho I intitulou-se Rei de Portugal e de Silves.
Os muçulmanos retomaram Silves em 1191, ficando a cidade arruinada, não mais recuperando o seu brilho.
Ibn Mahfot foi o último senhor árabe de Silves. D. Paio Peres Correia reconquistou definitivamente a cidade entre 1242 e 1246.
Em 1266 D. Afonso III concedeu a Silves um foral semelhante ao que havia sido atribuído a Lisboa. Em 1269 o mesmo rei concedeu aos mouros forros de Silves, e de outras localidades algarvias, um foral.
A primeira Sé de Silves deve ter-se localizado na antiga Mesquita Maior, depois de convertida em templo cristão, em 1189, portanto depois da primeira conquista portuguesa da cidade.
Quando a cidade foi definitivamente conquistada os reis de Portugal e Castela pensaram em construir aí uma nova Catedral. Este novo templo deve ter sido começado a construir em finais do século XIII, por ordem de Afonso III. O mestre da obra foi Domingos Johanes, cuja lápide sepulcral se descobriu numa antiga sacristia da Sé de Silves, com a data de 1279, que parecia indicar a data da morte do construtor.
A Sé de Silves foi iniciada em estilo gótico e concluída ao gosto barroco e constitui o mais importante templo de todo o Algarve. Desde 1922 é considerada Monumento Nacional.
Das três ordens de fortificações que Silves possuía durante a ocupação árabe, o Castelo, as Muralhas da Almedina e as do Arrabalde, não restam hoje senão as duas primeiras e vestígios da última.
As Muralhas da Almedina estão ainda quase intactas, apenas cortadas em alguns troços. Este troço muralhado parte da Torre do Segredo, do castelo e contornam a cidade por toda a parte setentrional. Algumas das torres que acompa nham o muro são autenticamente árabes, de terra batida e cimento ou taipa.
Na Casa do Poço-Cisterna Árabe, mesmo junto das muralhas, na Rua da Porta de Loulé encontra-se instalado o recentemente criado Museu de Silves, que encerra valioso espólio arqueológico da região, de todas as épocas, mas com especial predominância do período árabe, em que Silves é riquíssima. Trata-se dum enorme poço (aprox. 20 metros), de boca circular e construído em forte aparelho de grés. Tem a raríssima característica de ser rodeado até quase ao nível da água por uma escada abobadada e em espiral, aqui e além servida por três janelas de acesso à água.A sua dupla designação de poço-cisterna protege a possibilidade de poder ser também abastecido pela água recolhida pelos telhados vizinhos.Trata-se duma construção do período almóada da ocupação mourisca, finais do séc. XII, princípios do séc. XIII, mas sem grandes paralelos em todo o mundo árabe.Construído mesmo junto à muralha da medina, perto de uma torre albarrã, e muito perto duma porta principal, terá tido durante toda a Idade Média um papel fundamental no abastecimento da cidade baixa. A humilhante rendição pela sede aos Cruzados nos finais do Verão de 1189 poderá não ser alheia à decisão de construir uma tal obra hidráulica.
MAPA DA CIDADE
Castelo de Silves
Ex-libris da cidade, um dos principais vestígios da arquitectura militar islâmica em Portugal, o castelo distingue-se pelo seu avermelhado conferido pela pedra grés em que é constituído.
As suas origens são bastante remotas, pois provavelmente já existia quando ali chegaram os romanos, mas sem dúvida, que foi este povo que o transformou em poderoso reduto. Os Árabes embelezaram-no e deram-lhe maior valor bélico. Becre Ibne Yahiá, príncipe muladi de Santa Maria do Algarve (Faro) escolheu-o para sua residência e nele se instalara, mais tarde, o príncipe Banu Mozaine. Alcáçova
A Alcáçova é a área nobre do Castelo e aquela que beneficiou de importante restauro e consolidação neste século (1948). A sua superfície é de aproximadamente 12.000 metros quadrados, rodeados por muralha de forma poligonal construída em arenito vermelho, o conhecido grés de Silves, e miolo em taipa.
Este conjunto de muralhas possui duas saídas: uma, a principal, dá acesso à Medina (a cidade), a outra, mais pequena e virada a Norte, é conhecida por Porta da Traição, e surge habitualmente nas construções muçulmanas dando acesso directo ao exterior.
As muralhas desta alcáçova são exteriormente reforçadas por onze torres de planta rectangular mas de concepção diferente. Referimo-nos às duas que são albarrãs, isto é, se destacam do pano de muralha através de um passadiço.
No interior desta alcáçova várias coisas ainda a registar: as duas cisternas, muito provavelmente mouras, uma das quais abobadada, o aljibe, mais conhecido por Cisterna da Moura e à qual se liga uma lenda; a outra, conhecida por Cisterna dos Cães, tem tanto de enigmática como de profunda, havendo quem diga que liga ao rio.
A destacar ainda as escavações em curso numa habitação muçulmana, quem sabe se do mítico Palácio das Varandas, o Axarajibe, da poesia e da lenda...
As Muralhas da Almedina envolviam a cidade que pela colina se estendia. Ainda hoje são visíveis na zona norte e poente algumas torres-albarrãs, das mais genuínas porque quase não restauradas. Na Rua Nova da Boavista duas grandes albarrãs, junto à Câmara Municipal outras três, uma das quais a mais importante porta da Medina, hoje Biblioteca Municipal e outrora a Casa da Câmara.
A Couraça é outra das originalidades introduzidas pela engenharia militar almóada.
As Muralhas do Arrabalde envolveriam a parte mais baixa da cidade. Dessa estrutura de material mais pobre resta o conhecido Arco da Rebola (Rua da Cruz da Palmeira).
Sé de Silves
Sendo da época do domínio muçulmano, mais propriamente do ano de 1189, a Mesquita Maior terá sido convertida num tempo cristão, depois da primeira conquista portuguesa. Contudo, só quando a cidade foi definitivamente conquistada, os reis de Portugal e Castela pensaram construir nesse local uma nova catedral. Assim, esta terá sido começada a construir no século XIII, por ordem de D. Afonso III. O mestre de obras foi Domingos Johanes, cuja lápide sepulcral foi descoberta na antiga sacristia da Sé, datada de 1279, ano provável da sua morte.
Devido ao tempo de construção, a Sé de Silves foi iniciada em estilo gótico e concluída em estilo barroco e constituí um dos mais importantes templos do distrito de Faro.
Ponte Romana
O Arade, rio que banha a cidade, passa por ela e vai desaguar a Portimão, passando por alguns pontos característicos de Silves. A sua velha Ponte, que possuiu originalmente seis arcos, muito embora possa ter começado por ser romana e seja assim conhecida, apresenta traços do período medieval, com pedra grés vermelha.
Igreja da Misericórdia
Erguendo-se defronte da velha Sé, deverá ter sido iniciada após a doação da cidade por D. Carlos II à Casa da Rainha, em 1491. A rainha D. Leonor empenhou-se, por certo, em construir uma igreja para a sua Santa Casa da Misericórdia, não obstante não existirem documentos que possam comprovar o mecenato real. O que nela resta de mais antigo é a porta manuelina que possui a nascente.
O seu interior é de uma só nave abobadada. Possui um retábulo (construção complementar posta atrás e acima de um altar) maneirista do século XVI que foi recentemente restaurado e que decora o altar da capela-mor. Na fachada, a entrada é feita por um pórtico num estilo italiano, do Renascimento tardio, da segunda metade do século XVI.
Igreja de Nª Senhora dos Mártires
Presume-se que a sua construção seja da época da reconquista cristã. A invocação da Igreja é em honra dos cavaleiros caídos pela reconquista da cidade aos mouros em 1189 e ali, segundo a tradição, foram em parte sepultados (ergue-se ali uma estátua em homenagem a esses mesmos cavaleiros). Apesar de ser muito anterior, esta igreja apresenta, sobretudo, vestígios da época manuelina (século XVI) e esses são mais visíveis na capela-mor, no interior e no exterior. No interior, pode-se observar o arco que lhe dá acesso e o seu abobadamento; no exterior, os típicos merlões [parte saliente de um parapeito que separa duas ameias (cada um dos pequenos parapeitos, separados por intervalos, na parte superior das muralhas e castelos)] e as gárgulas da época de D. Manuel I. O terramoto de 1755, que destruiu parte da igreja, foi responsável pela reconstrução da nova fachada principal, na qual se abre o pórtico em estilo rocócó (estilo que apresenta uma linha de decoração muito exagerada) (1779), muito semelhante ao da Porta do Sol da velha Sé.
Paços do Concelho
No ano de 1884, iniciou-se a construção do novo edifício da Câmara, então instalada no Torreão das Portas da Cidade. Devido a esta construção, foram destruídas as casas que existiam na parte setentrional da actual Praça do Município e, também, alguns trechos da muralha. A construção do edifício deve-se a Diogo Manuel Mascarenhas Neto, que em 1880 era Presidente da Câmara. A iniciativa, o projecto e o espaço principal parece se deverem a Gregório Mascarenhas e a direcção dos trabalhos coube ao mestre de obras José Vitorino Mealha. Embora conste na porta principal a data de 1889, só nos anos trinta foi feita a sua conclusão.
Deste belo edifício, dos séculos XIX/XX, destaca-se o Salão Nobre, o átrio-claustro de inspiração revivalista mudéjar (mourisca) e a clarabóia vidrada que o ilumina. Este edifício alberga quase todos os serviços da Câmara Municipal, assim como o Tribunal Judicial.
Pelourinho
Resto do pelourinho manuelino, exposto no largo fronteiro à Câmara Municipal. O Pelourinho de Silves se encontra situado na rua que leva seu nome. Foi reconstruído a partir de elementos do século XVI e representa o poder municipal. Trata – se de uma coluna na qual se julgava publicamente aos criminosos
A Cruz de Portugal A Cruz de Portugal é um dos mais famosos cruzeiros portugueses. Seu estilo gótico manuelino se encontra situado na avenida que vai em direcção ao Norte, especificamente no lugar conhecido como Rua da Cruz de Portugal. Tem uma altura de 3 metros e em uma das suas faces se encontra o Cristo Crucificado e na outra a Pietá. Sua base data de princípios do século XIX.
Torreão das Portas da Cidade
Resta apenas a torre albarrã [torre que se destaca da muralha através de um passadiço; criação genuína da engenharia militar Almóada, a albarrã, quando se colocavam junto a entradas, dificultavam a utilização de engenhos (aríetes, por exemplo) usados para derrubar portas] em grés, imponente, e o resto da muralha defensiva que rodeava a Almedina de Silves na época muçulmana e que protegia a principal porta da cidade.
Museu Arqueológico Municipal
Este museu alberga grande parte da colecção arqueológica municipal e que protege uma rara peça de construção islâmica.
Teatro Gregório Mascarenhas
O edifício do teatro, apresenta uma estrutura em ferro, recoberta por uma decoração em cartão imitando estuque, capitéis (parte mais elevada de uma coluna ou de uma pilastra), cariátides (figura de mulher que serva de base a uma arquitrave) e florão (ornato circular no centro de um texto), uma porta Arte Nova que dá acesso aos camarotes e um arco da boca de cena. Todo o edifício foi recentemente restaurado.
Museu da Cortiça
Integrado no interior da Fábrica do Inglês, recuperado de uma velha fábrica de cortiça do mesmo nome, hoje com fins turísticos, este museu, recuperou totalmente todo o material ali existente, tem hoje um espólio bastante diversificado o qual recebeu, no ano de 2001, o Prémio Lugi Micheletti para o melhor museu industrial europeu.
A freguesia de Silves é composta pelos seguintes locais: Barragem, Bastos, Canhestros, Casas de Odelouca, Cerro de São Miguel, Defesa, Enxerim, Falacho, Junqueira, Lobite, Monte Branco, Montes Grandes, Odelouca, Pedreira, Pinheiro, Pinheiro e Garrado, Poço Barreto, Poço Deão, Poço Fundo, Santo Estevão, Silves Gare, Tinhosas, Torre e Cercas, Tufos, Vala, Vale de Lama, Vale da Vila, Venda Nova, Vendas e Vila Fria.
Lendas e crendices de Silves
Lenda da Moura Encantada
Depois da conquista cristã formou-se no povo de Silves uma lenda que ainda hoje perdura. Na noite de S. João, à meia-noite, aparece na Cisterna Grande do Castelo (Cisterna chamada Mourisca) uma moura encantada, navegando sobre as águas numa barca de prata com remos de ouro e entoando hinos da sua raça. É uma princesa encantada que aguarda a chegada de um príncipe da sua fé que pronuncie as palavras necessárias para o desencanto. Em parte sobre o tema desta lenda, forjou Lorjó Tavares a sua opereta “A Moura de Silves “ cuja parte musical foi escrita pelo Maestro Guerreiro. Essa peça, levada à cena no Teatro da Trindade, em Lisboa, não tem qualquer espécie de elevação. A lenda da moura de Silves aguarda ainda quem a saiba aproveitar poeticamente. Luís Chaves tem uma novela sob o título “A Moira de Silves“, mas tal novela não mantém relação apreciável com a substância poética desta lenda, na verdade interessante e autêntica.
Lenda dos Talismanes
Ao Alcacer Axarajibe que existiu no local onde presentemente se encontra o castelo de Silves foi atribuída uma interessante lenda a que faz alusão a evocação de Ibne Cacane e que constitui o motivo das suas comparações imaginosas e oitirâmbicas. Segundo essa lenda, existiram enterrados no Castelo uns talismanes que quando aí se encontravam no seu esconderijo faziam a grandeza do Castelo, mas quando d’ai eram retirados, isso provocava a sua ruína. Tal lenda tem o seu fundamento no costume oriental de se colocar sempre uns talismanes sob o edifício que se constrói para lhe das sorte. Pode-se, com verdade, perguntar quem teria retirado do Castelo esses talismanes preciosos para que ele tivesse estado reduzido a ruínas durante tanto tempo e que se passa agora com os talismanes para que apresente um aspecto remoçado.
Lenda das Amendoeiras
É muito antiga esta lenda e foi atribuída a muitas regiões. Parece que tem s suas origens mais remotas na Pérsia, pais tradicional de amendoeiras e de gentileza. No entanto, ela surge também na Turquia e em todo o Próximo Oriente. Em Espanha foi atribuída à cidade de Córdova e a Sevilha. No Garbe português foi atribuída a Silves. Um rei mulçumano, Al-Mo´tamide ou Aben Mafom, teria mandado plantar pelos montes em volta do seu castelo, amendoeiras em enorme quantidade para satisfazer os desejos de sua esposa, um cristã do Norte que morria de saudades por não ver a neve dos altos píncaros. Uma vez despontadas as flores, a princesa, vendo tudo de branco coberto, passou a sentir-se como em sua casa e não mais pensou em voltar ao seu país. Hoje, as amendoeiras invadiram toda a cerca do Castelo de Silves, transformando o Castelo, na época própria, num enorme açafate de flores brancas com leves tonalidades de róseo. A princesa, se ainda hoje vivesse, poderia brincar com as flores de amendoeira como com os flocos de neve.
Lenda do Mouro de Chapéu de Aba Larga
Segundo Ataíde de Oliveira, há também, no Castelo de Silves, a lenda de um mouro encantado. Ele apareceria, com o seu amplo chapéu de aba larga, de manha, na porta norte do Castelo, desafiando as pobres lavadeiras que iam lavar às pequenas toalhas de água que por ai surgiam. Dum modo geral, as lavadeiras faziam-lhe surriada e então ele vingava-se fazendo desencadear-se sobre elas torrenciais chuvas de pedra. Quando no Castelo foram instaladas as prisões, o mouro de chapéu de aba larga desapareceu. No entanto, os presos diziam que todas as noites sentiam, pela meia-noite, um estremecimento em todo o Castelo e ouviam, até de madrugada, o mouro remexendo em papeis velhos.
Lenda da Zorra Berradeira
É também lenda muito antiga de Silves a da Zorra Berradeira. Segundo esta lenda havia no Odelouca uma zorra berradeira que durante a noite atoava os ares com os seus berros. A zorra berradeira era um verdadeiro monstro. Com o aspecto de cabra, tinha silvos de fúria. Os seus berros, de noite, anunciavam desgraça iminente. Ninguém os queria ouvir. Contavam-se casos de pessoas que os tinham ouvido e logo, lhes haviam sucedido tremendos desastres, sobretudo mortes de entes queridos.
Lenda da Velha das Castanhas
No cerro, a ocidente da foz do Odelouca e em frente da Ilha de Nossa Senhora do Rosário existe uma furna conhecida por Furna da Velha das Castanhas. Diz-se que vivia aí uma velha muito feia e má que estava sempre assando castanhas. Quando algum barco aí passava, descendo o rio, deviam os que fossem nele, lançar-lhe uma moeda, sem o que a velha fazia bruxaria e metia o barco ao fundo. Esta lenda parece ter a sua origem num imposto de portagem, mas, por outro lado, liga-se misteriosamente com a da Zorra Berradeira, pois a furna tem também o nome de furna da zorra.
Lenda do Pego do Pulo
O Pego do Pulo, segundo informação, fica junto da Fonte Nova, na curva que o rio Arade faz, depois do Cais, para tomar o rumo de Matamouros. Diz a lenda que aí morreu Aben Afom, último Rei Árabe de Silves, quando procurava a salvação na fuga. Homens antigos de Silves asseguravam que à meia noite, na noite de S. João, se ouvia nitidamente nesse local, o ruído do galope do cavalo de Aben Afom até ao Pego, depois alguém bradar “ salta meu cavalo! “ e finalmente, o estrondo da queda do cavalo na água e o tropel do cavalo e do cavaleiro, enquanto outros galopavam fugindo dos portugueses.
Lenda do Monte das Cabeças
O Monte das Cabeças, que se ergue frente ao Enxerim, na parte oriental da ribeira, é também cenário de uma lenda ligada à noite de S. João. Cenas macabras aí têm lugar, segundo a tradição. Local de um antigo cemitério mouro, aí se deslocam os espíritas das famílias dos mortos, que nessa noite os vão visitar e aí convivem em animados bailes e festins, que muito amedrontam os habitantes da região, como é fácil de adivinhar. Gente antiga havia, que jurava a pés juntos ter assistido a esta lúgubre e aterradora visão.
http://www.jf-silves.pt/freguesia/historia.htm
http://www.tintazul.com.pt/castelos/far/slv/silves.html
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